segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Post do Barão: O Segredo do Negociante Karin

Faz tempo que não tem um post decente nesse blog, então vou animar vocês com um post do Barão de Itararé


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O Segredo do negociante Karin


Numa pequena cidade da Ásia menor, vivia um alfaiate, de nacionalidade mesopotâmica e de olhos sonhadores como um pedaço de lua cheia, conhecido pelo nome de Karin-Abdurramanestalamin.
Karin-Abdurraman... etc. era rico, feliz, comia do bom e bebia do muito melhor.
Entretanto, era êle o alfaiate mais barato da cidade!
Um albornaz reforçado, que os demais alfaiates vendiam por quarenta moedas de prata, Karin vendia por vinte moedas de cobre; um fundo de calça em couro, próprio para montar camêlo, cujo preço geral era de sessenta e cinco moedinhas, na sua loja valia apenas cincoenta.
Ninguém podia compreender como Karin-Abdurram... podia ser tão barateiro, e, entretanto, rico, feliz, comer do bom e beber do muito melhor...
Pois se a sua mercadoria era igual à dos outros alfaiates, de onde tirava êle o lucro, vendendo-a a preços inferiores?
O próprio Assurbrometário, negociante de reconhecida desonestidade, não sabia a que atribuir aquêle fenômeno. Êle, apesar de roubar grande parte das suas fazendas às caravanas que atravessam o deserto, nunca poderia vender a roupa que confeccionava pelos preços de Karin-Abdur... Teria prejuízo!
Um dia, Assurbrometário deciciu desvendar aquêle segrêdo que lhe tirava as noites de sono. Foi até a loja de Karin, e saudou-o jovialmente:
-Que os pecegueiros do teu pomar frutifiquem sem cessar, e que Alah e tua virtuosa senhora lhe concedam numerosa próle!
-As chuvas do céu caiam sobre as suas vinhas e os teus fregueses te paguem à vista, respondeu Karin com uma cerimoniosa flexão de pernas.
Assurbrometário, após alguns minutos de conversa despreocupada, não conteve a sua impaciência, e foi direto ao motivo da visita.
-Escuta Karin-Abdurramanestalamin, como pode vender suas roupas mais barato que os outros alfaiates, e viveres feliz, comendo do bom e bebendo do melhor?
-Isso, respondeu Karin, é o meu segrêdo, e só Alah o sabe...
-Ora, a um velho amigo seu como eu, podes dizer tudo, sem receio. Sou um poço. Se alguém souber o segredo por minha boca, deixarei que me atravesses o peito com sua adaga com gancho!
-Pois bem, disse Karin, vais saber tudo. Mas não esqueças que minha adaga está afiada.
Assurbrometário, tomado de grande excitação, aproximou-se ainda mais de Karin.
-Olha, Karin, a mim, o que me faz confusão é isso: como sabes, eu roubo a fazenda, só tenho o trabalho de fazer a roupa, e , mesmo assim, não posso vendê-la por menos do dobro do preço por que vendes uma roupa igual. Que fazes para vendê-la pela metade do meu preço?
Sorrindo tranquilamente e olhando para longe com aquêles seus olhos sonhadores como um pedaço de lua cheia, Karin-Abdurramanestalamin falou:
-Tu, Assur, roubas a fazenda, e paga a mão de obra para confeccionares a roupa, não é isso?
-E' isso mesmo...
-Pois eu, querido amigo, roubo a roupa já confeccionada!

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No próximo post do Barão, o avião que é mais rápido que uma bala

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